domingo, 3 de maio de 2009

Ode àquela que Transborda


São quase quatro horas da manhã, chove em Goiânia. Ainda assim está quente, um tanto abafado. Alguém do norte arriscaria um cobertorzinho fino. Eu não. Prefiro o lençol ainda dobrado cheirando a dia de domingo. Fato é que, privada do sono por uma forte inquietação que me trouxe a este papel, converso distraída com o tímido vento que entra pela janela semi-aberta do meu quarto, pedindo a ele que por seus passeios solitários pelas sossegadas ruas da tranquila cidade planejada, traga-me, como sopro de inspiração, a habilidade necessária para desenhar em letras os fortes traços que hoje me despertam.
É, meus caros, quando lerem esse texto, provavelmente eu estarei dormindo. Perdoem-me pela indelicadeza, mas agora o momento é de insônia. Nem o vento noturno conseguiu vir em eu socorro. Escrever sobre a Lisa não é uma tarefa fácil. Entendam. Peço licença pra recorrer à memória, mas alerto: Posso cair em um saudosismo emocionalista. Estão totalmente dispensados da obrigação de lerem até o fim. A Lisa lerá. E mais, sentirá exatamente igual, porque estranha e lindamente, estamos sempre na mesma freqüência.
Aos que continuam atentos a esta multidão de palavras – nem tão soltas assim [mas sem muito nexo] e carregadas – em cada letrinha, acento e pingos-nos-I – de sentido, significado, sentimento, verdade e tudo mais, vale uma ressalva: isso tudo aqui não passa de tentativa de esboçar uma narrativa que esbarra sempre naqueles longos silêncios onde as coisas sublimes são, de fato, entendidas.
Não é de hoje, aliás, é de bastante tempo que ela está na minha vida. Inegável que eu sinto muita falta daquela pirralha que, por ser um pouquinho mais velha que eu, repetidas vezes quis bancar autoridade [Você também tinha franja, ok, amiga?].
Verões cariocas passados, e, agora respirando os ares áridos do cerrado, depois de tê-la encontrado por bondade do Pai e por ironia do destino estar há milhares de quilômetros daquele abraço que me faz desejar um céu estrelado pra qualquer desconhecido, é que me noto com o coração apertado pela vontade de extrapolar e jogar na cara do mundo isso tudo que a gente vive! Que Deus me deu essa chance. Que minha vida ganha novas e mais intensas tonalidades cada vez que compartilho com ela as coisas mais rotineiras. Ah, como eu amo as nossas banalidades! Se todo o espaço que ela ocupa se resumisse a isso, eu já estaria satisfeita. Mas a nossa melodia é mais complexa, tem mais notas, é cheia de acordes!
Não tornar a Lisa em texto seria negar à poesia uma personagem que vale inúmeras releituras. Incansáveis, sem dúvida. E sempre inéditas, por mais contraditório que isso possa parecer. Abro agora para as reticências, talvez, melhor do que eu, elas mensurem isto que tanto me envolve e emociona, mas que escorre habilmente por entre os dedos da minha insuficiente competência narrativa.
É, leitores, o sol começa a sinalizar um belo amanhecer. Mais um dia colorido pelo amor que eu dedico àquela que soube – divinamente – se fazer vital.

3 comentários:

  1. "Ah, como eu amo as nossas banalidades!"

    Me sinto totalmente lisonjeada por ser personagem de inspiração de um texto tão lindo e bem escrito como esse. *-*

    Amiga, tudo que eu tinha pra dizer foi dito e é dito [ou se perde nas entrelinhas] sempre. Amo vc, sua paz que me ajuda nos momentos difíceis. Vc me inspira, me compreende, aceita e aconselha.

    Enfim, é amor demais, as palavras se perdem. ♥

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  2. Ela escreve tão bonitinho! [sem qualquer tom pejorativo nesse diminutivo, apenas pra juntar um ar de delicadeza...] Gostei sim, guria que foi vítima da minha bombardeação de propaganda do 'Salvadores daqui'! HUAHUAHAAUHAHA =] Parabéns pelo blog bonito, arrumado e bem escrito.

    Beijo.

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