segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Fracasso das Infinitas Léguas

ao amigo Afonso

Dos dias enfadonhos trago frações de riso

E uma grata espera por sorrisos inteiros.

Digo grata porque se executarão,

Digo inteiros porque serão presentes teus.


- O amor é lato.


No tempo oportuno o Sertão se pronuncia

E quanto a nós já sentenciou:

Sou pequeno como as léguas reduzidas à circunstância

E ainda menor que o abraço em Itapuã.

Esgotamento

As noites que encerram as horas claras

Idênticas àquelas encerradas pelas noites passadas

Agitam-se aflitas, fazendo-me refém de seus apelos.


Querem novidade: Nego!

Querem segredos: Desconheço!

Querem variação: Prossigo!


A cama é velha e amiga do tormento.


Muitos são meus inimigos:

- Sim, meus, sou dono de todos eles.

E com o apego de um colecionador

Depois de empilhar um a um

Idolatro a poeira que me asfixia:

- Não ouso tirar.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Jamais ou Já

Entende-se por um aquilo que não é o outro

E começa a procissão dos fiéis do Não!

Não somos aquele, nunca seremos aquilo!

Esta desgraça alheia, este monturo!


E o pobre monstro é negado

Repudiado,

tripudiado,

Como fosse sua cabeça um palco de sapateios ensaiados.


Mas na viração do dia, em secreto confessam os que gritam “somos!”:

Que sorte agourenta esta nossa!

Que na recusa lapidamos o ego

E que só pelos assombros do contrário podemos Ser.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Desastre Metafísico

A Wigvan

Questiona-se o trajeto percorrido até o último lamento

E entre cochichos ouvem-se os gemidos de porquês.

Positivistas existimos, nós, os vivos

- pois que livres são eles, que já conhecem o desfecho.

E a vida outra vez oferece o jantar aos que restam presentes

Na antessala lê-se o aviso:

A morte esquece todos os motivos na hora em que se executa.