quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Folclore

Traiçoeiras são as pegadas do instinto -

Apontam com certeza religiosa direções que desconhecem.


E nessas andanças perde-se o caminho:

Pro tempo, o velho banqueiro que saqueia a economia dos dias;

Pra memória, a cafetina sórdida que elimina tudo que não lhe convém;

Pros olhos, que se cansam de perambularem circulares;

Pro amor, que retorna.


Ah, mas que perverso esse instinto!

Escraviza nossos pés e retorce-os:

Como Curupira nos deixa, o maléfico,

Inutilmente vigiando a selva dos desejos

Reféns de qualquer distração,

Entregues a nós mesmos.

3 comentários:

  1. Que o instinto é na verdade o nosso desejo disfarçado de acaso, muitos desconfiam. Eu não meto a mão no vespeiro. O instinto - ou o discurso dele - me acomoda às vezes. Bjo do Iamin

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  2. Incrível pensar que o deixar-se levar pelos instintos, marca indelével de liberdade prezada por tantos na modernidade, escraviza nossos pés e nos faz perder o caminho. Talvez não haja entrega tão nefasta que não aquela cega certeza de nós mesmos.
    Ótimo texto Aava!

    um beijo

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