domingo, 20 de março de 2011

Avenida

Digo-te com a boca que amaldiçoa o dizer: Vá!

Indico-te a porta impetuosamente com as mãos

e sinto quase que por atrofiarem-se os meus braços

que estando esticados e irredutíveis em despedirem-se de ti

clamam por contornar teus ossos, tua carne, teus pêlos.


E tu, amado meu, como se atreve a ser tão tolo?

Dando crédito ao meu palavrório vão

Tu sequer percebes que amordaça o meu corpo

Que grita por ser teu!


E com as costas dadas aos meus olhos

Encerras a porta atrás de ti: - Adeus!

Despeço-me de mim

pois que em vez de ti, amigo meu,

sou eu que estou na rua.

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