terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Tolice

Abandono o fôlego e a calma na espera da tua língua

Tão tórrida quanto aqueles lugares da memória e do desejo

Em que te abrigo, desmedido benfazejo

dos meus olhos, boca, narinas

- de tudo que te experimente! –

E da morte, que me fazes desejar quando te apartas!


Ah, meu bem, se soubesses como o meu corpo se contorce

Reclamando aborrecido dos infortúnios do nosso amor,

desta sorte desgraçada de dias melhores que se esgotaram sem chegar.

ah, se ao menos desconfiasses, que minhas juntas se queixam,

meus ossos rangem e meus dedos, emudecidos, não dedilham mais canções.


E nas certezas desajustadas que jamais saberemos serem acertos

Perderam-se as velas, o choro e as rimas deste amor:

Restam as lamúrias do que é eterno e sem lugar.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Aquiles

Porque nossos pés são calçados de certezas

Tanto quanto exigem estes calcanhares

Para livrarem-se dos incansáveis clamores dos ossos,

da carne,

das juntas

e dos pêlos

trêmulos:

O corpo abriga dócil todos os apelos dos sentidos –

Enquanto nós,

Não tão dóceis,

Somos sentinelas da pouca lucidez desabrigada.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ode a Irajá

São seus os melhores versos sobre o amor

E aquelas outras mazelas de quem vai vivendo.

Aí você traga com cada cigarro o último suspiro do mundo

E em fumaça despeja a terrível insubmissão dos fatos.

- Que importa a um pulmão congestionado de esperança? -

Tua alma de bandido assalta os pavores do Rio de Janeiro

Pelo vil prazer de colecionar poesias e sustos.