E quando o amor por tal se torna o próprio tal? Ou, quem sabe, o inverso: O tal se torna o próprio amor.
O fim e o percurso se fundem, ou tão somente a linha que os dispõe em lados opostos se dilui, fazendo dos dois um (como outrora os nossos limites também se esvairão pelo ar que hoje nos arde peito a dentro, dando-nos a dimensão da crueldade do tempo e do espaço dispostos [ironicamente] contra nós).
Já que se fez necessário, eu que não ousaria me recusar a atender os clamores de um amor que pede redefinição constante. A impressão imediata é de uma veloz conflagração de matérias: Versos ou acordes, ambos, e hálito a mais – que irrompe furiosamente com as raias que, sem qualquer peso de perversidade, delineiam, conceituam, e nada mais. Em hipótese alguma o que quero é atrair ares de sentenciosa, mas a pequeneza dessas marcações é tão evidente tão logo se faça de nós uma primeira leitura.
Longe da clareza de Victor Hugo e bem íntima da rebeldia selvagem de Rimbaud, é que dou conta, pequena conta!, de manchar de obscuridade uma página que só se fez existir para que se pudesse saber que o corriqueiramente dito de amor, como o que se tem por alguém, para os fins que necessito, foi lançado em desuso.
É o amor que se torna a coisa amada. Por onde vai e até onde chega, convertidos na mesma matéria, sem contudo, ser tangível.
Fosforescência.